criptorquidia

O testículo do meu bebê não desceu, e agora? Entenda mais sobre a criptorquidia.

A criptorquidia é uma alteração congênita que ocorre quando um ou os dois testículos do bebê não estão no lugar certo, ou seja, na bolsa testicular. Cerca de 3% dos meninos nascem com criptorquidia, sendo ainda mais frequente nos prematuros podendo chegar a 30%. Essa condição é bastante comum e não costuma causar dor, mas precisa ser tratada para evitar problemas futuros.

O que é a criptorquidia?

Os testículos são formados no abdome, próximo aos rins e, por volta da vigésima semana de gestação, começam a descer em direção a bolsa testicular, onde devem estar no momento do nascimento. Na criptorquidia, esse processo de descida não se completa, e o testículo fica preso em algum ponto entre o abdome e o escroto. Isso pode acontecer com um ou com os dois testículos.

A criptorquidia é mais comum nos bebês prematuros, pois eles têm menos tempo para os testículos descerem. Quanto mais cedo o bebê nasce, maior é a chance de ter criptorquidia. Em alguns casos, o testículo desce sozinho nos primeiros quatro a seis meses de vida. Cerca de 0,8 a 1,5% dos meninos terão criptorquidia após um ano de idade. Caso a descida do testículo não ocorra, será necessário fazer uma cirurgia para corrigir a posição do testículo.

Muitos pais ficam preocupados se o filho vai poder ter filhos no futuro por causa da criptorquidia. A boa notícia é que, na maioria dos casos, a resposta é sim, principalmente se o tratamento for feito cedo.

O que causa a criptorquidia?

Não há uma causa única para a criptorquidia, mas alguns fatores podem interferir na descida normal dos testículos, como:

  • Alterações anatômicas
  • Alterações hormonais
  • Problemas genéticos
  • Influências ambientais

Como saber se o bebê tem criptorquidia?

A criptorquidia pode ser percebida pelo pediatra, pelo urologista pediátrico ou pelos pais ao examinar o escroto do bebê. Se um ou os dois testículos não estiverem no escroto, ou não puderem ser sentidos, isso pode indicar criptorquidia. Se os dois testículos não descerem, o escroto pode parecer pequeno e liso. Se apenas um testículo não descer, o escroto pode parecer assimétrico. É comum a mobilidade do testículo na bolsa testicular a depender da temperatura ou dos reflexos locais. O testículo pode subir e descer do escroto, devido à contração dos músculos, essa é uma situação normal e que não precisa de tratamento.

Como é feito o diagnóstico da criptorquidia?

O diagnóstico da criptorquidia é feito pelo pediatra ou por um urologista pediátrico, que vai examinar o escroto do bebê e tentar localizar o testículo que não desceu. Não há necessidade de se fazer nenhum exame de imagem para localizar o testículo. O exame físico é o melhor método para definir se o testículo é palpável ou não palpável e se está na bolsa testicular ou não.
Para os testículos não palpáveis, nenhum exame de imagem tem boa acurácia para definir sua localização.

Testículos ectópicos
Se o escroto estiver vazio, o médico pode primeiro tentar determinar se o seu filho tem testículos ectópicos, uma condição relacionada na qual o testículo é de alguma forma desviado de sua trajetória normal de descida. Como resultado, o testículo fica em um local anormal fora dessa via. Para verificar isso, o médico sentirá as áreas onde às vezes estão localizados os testículos ectópicos.

Testículos retráteis
Os testículos retráteis entram e saem do escroto. O seu médico pode tentar descartar esta condição tentando trazer o testículo para baixo. Se o testículo puder ser levado até o escroto, convém observar se o testículo passa a maior parte do tempo na bolsa ou fora dela. Em alguns casos, pode-se discutir a fixação do testículo na bolsa.

Testículos ascendentes
Os testículos ascendentes são aqueles que mesmo após levados para a bolsa testicular com a palpação logo retornam para a posição original, criptorquídica. Esses casos requerem tratamento cirúrgico para fixação do testículo no escroto.

Como é o tratamento da criptorquidia?

A idade ideal para tratar a criptorquidia é entre os 6 e 12 meses. Se o testículo do seu filho não descer sozinho antes do primeiro aniversário, após avaliação, o urologista pediátrico recomendará um tipo de cirurgia chamada orquidopexia para mobilizar o testículo até o escroto.
Testículos palpados em região inguinal com possibilidade de mobilização para escroto podem ser operados unicamente por incisão escrotal, caso não haja uma hérnia inguinal concomitante (presente em até 90% dos casos).

Se o testículo puder ser palpado na virilha, sem possibilidade de mobilização para a bolsa testicular, a orquidopexia será feita por meio de duas incisões, uma pequena na virilha e outra no escroto. Pela incisão na virilha, identifica-se o testículo, libera-se o mesmo, e posteriormente é criado um túnel que o leva até o escroto. No escroto, o testículo pode ser fixado por dois ou mais pontos.

Para os casos em que o testículo não pode ser palpado no escroto ou na região inguinal, a suspeição é para testículo intra-abdominal ou ausente. Para esses casos, há indicação de laparoscopia diagnóstica, cirurgia por vídeo, para tentar localizar o testículo no abdome. São realizados três pequenos cortes, um no umbigo e outros dois no abdome para passagem de câmera e pinças. Uma vez identificado o testículo, avalia-se a possibilidade de mobilização para o escroto em um só tempo. Testículos mais altos no abdome podem requerer dois procedimentos cirúrgicos com intervalo de 6 meses entre eles, o primeiro para preparo e o segundo para mobilização até o escroto.

A cirurgia é altamente recomendada para reduzir o risco de câncer, infertilidade e para melhorar a imagem corporal do seu filho durante a adolescência e a idade adulta. O procedimento é, em geral, realizado em caráter de hospital dia com o paciente recebendo alta no mesmo dia da cirurgia.

Quais são as complicações associadas à cirurgia?

As complicações da cirurgia são pouco frequentes, as mais comuns são sangramento e infecção. Pode ocorrer também o retorno do testículo movido para a virilha, porém menos frequente. Neste caso, os médicos precisarão realizar outra cirurgia. Em casos mais raros, o testículo pode perder o seu fornecimento de sangue, o que o tornará inviável e, posteriormente, tecido cicatricial.

Seu filho pode sentir algum desconforto após a operação, mas a maioria dos meninos se sente melhor depois de uns dias. Seu médico provavelmente recomendará evitar brincadeiras sujeitas a traumas ao escroto e consequentemente ao testículo como bicicleta, andar a cavalo, por exemplo, por cerca de duas semanas. Após o procedimento, é necessário o acompanhamento médico regular para verificar se o testículo está crescendo normalmente.

Quais são os riscos da criptorquidia?

A criptorquidia pode trazer algumas complicações para a saúde do menino, como:

Infertilidade: os testículos precisam ficar no escroto para terem uma temperatura mais baixa do que a do corpo, o que é importante para a produção de espermatozoides. Se os testículos ficarem no abdome ou na virilha, eles estar suscetíveis a temperaturas mais elevadas, podendo prejudicar a fertilidade do menino quando ele crescer.

Câncer de testículo: os meninos que nascem com criptorquidia têm um risco 10 vezes maior de desenvolver câncer de testículo na vida adulta, mesmo que façam a cirurgia. Por isso, é importante que eles façam o autoexame dos testículos regularmente, para detectar qualquer alteração.

Outras complicações: a criptorquidia também pode causar hérnias, torções, infecções ou atrofia dos testículos, se não for tratada a tempo.

Qual é a perspectiva a longo prazo para crianças com testículos que não desceram?

Testículos que não desceram podem aumentar o risco de infertilidade, especialmente se ambos os testículos forem afetados. No entanto, os meninos que têm um testículo que não desceu tendem a ter filhos na mesma proporção que aqueles que não são afetados pela doença. Os meninos que têm dois testículos que não desceram – uma porcentagem muito menor de pacientes – apresentam uma taxa de fertilidade significativamente menor.

Uma criança com testículos que não desceram é mais propensa a desenvolver câncer testicular, de 3 a 10 vezes mais, mesmo após cirurgia corretiva. No entanto, a cirurgia realizada antes da puberdade pode reduzir o risco de desenvolver câncer. A cirurgia torna mais fácil o autoexame, a palpação do testículo, e a possibilidade de diagnóstico precoce de uma massa, caso ela se desenvolva.

Alguns testículos que não desceram acabarão por se mover para a posição correta sem qualquer tipo de tratamento nos primeiros seis meses de vida do bebê; aqueles que não o fizerem precisarão ser movidos cirurgicamente. Se o seu filho foi diagnosticado com criptorquidismo, é fundamental consultar um especialista em urologia pediátrica para orientação e tratamento adequados. Dra. Bruna Venturini é uma médica urologista especializada em urologia pediátrica e reconstrutora, pronta para ajudar. Agende sua consulta pelo WhatsApp: 27 99988-8696.

Fontes:
https://www.childrenshospital.org
https://ada.com/
https://www.mdsaude.com/