Durante o mês de abril, a campanha Abril Lilás chama atenção para um tema que ainda é cercado por desconhecimento e silêncio: o câncer de testículo. Embora não seja o tipo mais comum de câncer, ele é o tumor sólido mais frequente em homens jovens, principalmente entre 15 e 35 anos. E o que muitos não sabem é que, quando diagnosticado precocemente, tem altíssimas chances de cura — em grande parte dos casos, com tratamento cirúrgico simples e eficaz.
Entendendo o câncer de testículo
O câncer de testículo se desenvolve a partir das células germinativas dos testículos, responsáveis pela produção de espermatozoides. Em 90% dos casos, o tumor se manifesta como um nódulo indolor, geralmente percebido pelo próprio paciente durante o banho ou em momentos casuais de autoexame.
Muitos homens ignoram esse sinal, por falta de informação ou por medo de encarar um diagnóstico. No entanto, a detecção precoce é determinante para a escolha do tratamento menos invasivo e com melhores resultados.
O papel da cirurgia no tratamento
1- Orquiectomia radical inguinal – A cirurgia principal
A orquiectomia radical é o primeiro passo no tratamento do câncer de testículo. Ela consiste na remoção completa do testículo afetado e do cordão espermático, por meio de uma incisão discreta na região da virilha (via inguinal).
– Esse procedimento não interfere diretamente na função sexual ou na produção hormonal, desde que o outro testículo esteja saudável.
– Em estágios iniciais, a orquiectomia isolada pode ser curativa, dispensando tratamentos adicionais como quimioterapia ou radioterapia.
Importante: Essa abordagem também é diagnóstica — o material removido é enviado para biópsia, que define o tipo de tumor e os próximos passos no tratamento.
2- Linfadenectomia retroperitoneal (LAD-RP) – Quando há risco de disseminação
Em alguns casos, especialmente nos tumores não-seminomatosos, pode ser necessário realizar a retirada de linfonodos (gânglios linfáticos) localizados na região abdominal, atrás do peritônio. Essa cirurgia é chamada de linfadenectomia retroperitoneal.
Ela é indicada quando:
– Há risco ou confirmação de metástases nos linfonodos;
– O tumor responde parcialmente à quimioterapia;
– Há necessidade de garantir que a doença foi totalmente eliminada.
A técnica pode ser realizada por cirurgia aberta ou por métodos minimamente invasivos, como a laparoscopia ou cirurgia robótica, dependendo da experiência da equipe e do caso clínico.
3- Cirurgia pós-quimioterapia
Para tumores avançados, o tratamento pode começar com quimioterapia, e a cirurgia vem em seguida para retirar massas residuais. Essas cirurgias são mais complexas, mas continuam oferecendo ótimos resultados de controle da doença e sobrevida, mesmo em pacientes com metástases iniciais.
A cirurgia afeta a fertilidade ou a vida sexual?
Essa é uma das maiores preocupações dos pacientes — e também um dos grandes mitos.
– Se apenas um testículo for removido, e o outro estiver saudável, a produção de testosterona e a fertilidade geralmente permanecem normais.
– Para casos onde há risco de infertilidade, o médico pode recomendar o congelamento de espermatozoides antes da cirurgia ou quimioterapia, como forma de preservar o desejo de paternidade futura.
– Também é possível, se o paciente desejar, realizar a colocação de prótese testicular, que mantém a estética e pode ajudar na autoestima.
Altas taxas de cura e qualidade de vida restaurada
O câncer de testículo tem um dos melhores prognósticos entre todos os tipos de câncer. Com o tratamento adequado:
– As taxas de cura ultrapassam 95% nos estágios iniciais.
– Mesmo quando há metástases, a sobrevida a longo prazo continua elevada.
– A cirurgia é segura, bem tolerada e, na maioria dos casos, pouco impactante na rotina do paciente.
O que faz a diferença é o tempo: quanto mais cedo o tumor for diagnosticado, mais simples e eficaz será o tratamento.
Abril lilás: Informação que salva vidas
O Abril Lilás é um momento de alerta, educação e diálogo aberto sobre o câncer de testículo.
É hora de normalizar o autoexame, quebrar o silêncio e incentivar os homens — especialmente os jovens — a cuidarem da própria saúde sem medo ou vergonha.
O autoexame é simples, pode ser feito em casa e ajuda a identificar nódulos ou alterações nos testículos. Ao menor sinal de mudança, procurar um urologista é o primeiro passo para um diagnóstico precoce e uma cura completa.
O câncer de testículo, quando descoberto a tempo, é altamente tratável e curável, principalmente com os avanços cirúrgicos da urologia moderna.
Portanto, neste Abril Lilás, o convite é claro: homens, conheçam seu corpo, façam o autoexame e procurem ajuda ao menor sinal de alteração.